Porto Alegre. Vigésimo primeiro dia do mês de Novembro. 1985. 15 horas e 27 minutos. 32 Graus. A cidade está muito agitada, mas age como se nada estivesse acontecendo. Os trilhos do trem fazem as estruturas do edifício tremer. O cheiro de combustível queimando no ar pelos automóveis e fabricas, é levado para dentro do apartamento com a força do vento que atravessa as cortinas e invade a sala como um intruso. A sala não é confortável. O ventilador esta quebrado. A Geladeira também (não há nada lá). Muitas pessoas no local. Calor. Porto Alegre. Vigésimo dia do mês de Novembro. 1985. 11 horas e 23 minutos. 26 Graus. Fernanda como sempre, após almoçar naquele mesmo restaurante, que é localizado abaixo do seu prédio e na mesma hora como de costume, variando apenas no cardápio, voltara sua atenção ao noticiário da TV para saber a previsão do tempo. Já ele, não se importa com as informações que passam. Observa Fernanda com reprovação por não aceitar que se pr
O poder de mudar é fraco O dom de acreditar é morto O junco de sentir é podre "ele' é o snob A crença é salvação Do horror, Do mundo Do espírito Do próprio sangue Da coragem Junta meu corpo de angústias Jura promessas frias Gélidas cores: Alegrias? Nada! Apenas sepulcro do poente. Aquele Sol, Que ostentaras o doente, Inânime, Não agrada. Este é o jazigo do medo! Tu! Morte soberana, Voltas para teu relego Pois, minh'alma, não afanas. Acolhe este corpo aflito Que sofre, pálido, eu Grito: – Oh! Luar, se tão bonito, Por que me acorrenta? À noite, meu amor, é tão ingrata... Teu calor mentiroso me maltrata Portanto em ti, minha dor, que se alimenta. Minha dor se alimenta em ti, portanto. Minha dor, portanto, em ti que sê. Alimenta. A rima, dor; A rancorosa, Abandona do meu peito.