Um escritor escreve. Assim como um assassino assassina. Às vezes frio. Às vezes morno.
Algumas vezes quente. Ou louco.
Um escritor escreve com arma de fogo.
E mata apenas a si mesmo.
Mata o instante.
O invisível.
O poeta sente a dor da morte. A dor da dor. A dor do tempo.
O odor da vida, e dos sentimentos.
E as mulheres dançam nos seus sonhos.
Mas as lágrimas, que às vezes querem passar pelos olhos, estão presas.
Cárcere privado. Do poeta.
Se pudessem sair, revelariam as barbáries, e torturas que elas sofrem lá dentro.
E o poeta administrativo nunca a deixa sair.
Aquele peso escondido sob sua pele, sob seus ombros, abate a letra. A escrita.
E mesmo assim. Mesmo com essa pobreza de espírito. Esse podre homem é rei.
Rei sob seu domínio. Escárnio subversivo. A coroa de ossos é dada ao cego.
Que vela sua alma na vala. Nos muros criados ao seu redor.
“Sodoma e Gomorra” é seu poema.
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