O flerte

O Flerte.

Me diga, o que aconteceria se eu dissesse que vou flertar, nesse instante, com você?
Você aceitaria o meu flerte?
E além disso, dissesse também que você já foi flertado por mim?
Você aceitaria o meu flerte?

Escute essa história do que quero debater: o estrangeiro político. Este é um ser que tem ganas pelo governo, apesar da sua própria falta de habilidade para manuseá-lo. Das sombras são arquitetados os seus planos, desígnios e determinações. Sem nunca propor, pois, quem propõe age; e quem age se expõe. O tempo gasto em debate, para que a compreensão do outro seja mais acessível e possível, é visto como uma falha ética e moral. Ou na pior das situações, uma falha política.

O estrangeiro político aguarda o momento para a tomada do poder; Uma aporia faz-se necessária. Não é difícil encontrar na história as investidas para tentar superar duas ideias contrárias, para o convívio humano ser possível. Uma diligência prestada, muitas vezes, nas vozes de quem busca se fechar dentro de si mesmo. A tentativa de dizer qual é o verdadeiro: a mente ou a alma?; A razão ou a emoção?; Particular ou essencial?; Bem ou Mal?; Matéria ou espírito?; o ovo ou a galinha?; O Grêmio ou o Inter?; etc... 
não surge como um objeto de sedução para nós, humanos. Esse exercício intelectual de busca por respostas não pode se perder na busca por qualquer resposta que dê alívio imediato. A solução dessas aporias não surge das mãos de algum Messias. Elas só aparecem porque, volta e meia, tem alguém que está cultivando o medo. E não pode ser alguém que esteja na luz... sendo visto e vigiado por todos. Ao contrário, é alguém que a todos controla, e na escuridão aprisiona.

O estrangeiro político cria o medo e dele se alimenta. Faz com que as coisas cheguem ao clímax das tenções, não deixando a ninguém mais, nada mais nada menos, do que duas opções apenas. Como sempre foi, como sempre é. Dado o radicalismo, e a impossibilidade de governar em qualquer um dos lados, aquele que dormia nas sombras aparece e profetiza: "o problema é a política e os políticos! tomemos nós, nas nossas mãos o poder, com fogo". E o ser profano se apresenta como alguém de fora, que não faz parte do cenário político. Que não usa dos dispositivos políticos. Que não está corrompido com a política, com o debate. Que está compromissado com um modo de simplificação das necessidades da população. Por ser um estrangeiro à política, autoriza a si mesmo, a falar do modo que lhe cabe ser mais adequado, transbordando das palavras para o modo de tratamento com as outras pessoas. Das quais, aprisionadas em sua caverna, sentem-se  agraciados pela benção da ordem daquele que diz a verdade. Um ser íntegro e sem deméritos públicos nenhum.

Temos a nossa frente um alguém que se diz alheio a tudo e a todos, portanto, o mais claro dos claros. O sentimento de reconforto sentido por uma mente agoniada, pelo tormento nas decisões daquilo que nos torna essencialmente humanos, se regojiza pelas atendidas preces feitas à outras entidades estrangeiras, inclusive, do sistema político humano; é compreensível. Não falaríamos mais de ignorância, mas sim de outra forma de desconhecimento, falaríamos de medo. Aquele, causado das sombras, por alguém.

O estrangeiro político surge de repente e diz que tem as armas necessárias para o governo: Não ser político. Assim foi. Assim tem sido. Permitir que a população de baixa renda pudesse voar de avião não configura um governo estrangeiro aos questionamentos da experiência humana, ao contrário, abre o debate.

A face mais triste que deixa o estrangeiro político é a ideia de governar de fora da política mas por meios políticos. Ações políticas. Discursos políticos. É a face na qual a lei permite a formação de novos exterminadores. Não mais os humanos com necessidades psicossociais, marginalizados historicamente, mas sim, os humanos que sempre buscaram homogeneizar os outros seres humanos. Com uma cor de pele verdadeira; um sexo verdadeiro; uma conta bancária que demonstre o valor do caráter "verdadeiro" de cada qual.

Mas, calme. Não passamos por nada mais do que havia me proposto. Não é mais um caso de concordância, ou não. Como disse no início, esse foi apenas um flerte.

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Danke!

Tem

 ... golfinhos no espaço :/