O velho observa a garota, que observa o rapaz, que observa a mulher, que observa o homem, que observa o dinheiro, que é notado pelo mendigo, que é observado pelo policial que não olha para o carro, que esta sendo assaltado pelo bandido que por um segundo olha para a mulher que cuida do seu filho, que brinca no parque, que olha para o prédio.
E no prédio, o rapaz observa a rua. E do parapeito ele olha a cidade. E os abutres observam o corpo. Que cai.
Lentamente. Que o tempo não perdoa e deixa passar. Os segundos, o minuto.
Que não escuta voz alguma, que o coração ainda vive a pulsar, que pulsa uma vez mais sem se preocupar.
Não tendo ninguém a observar, seu corpo...quando se estatela no chão.
O detalhe da Rosa caindo em meio ao sangue...deu um ar poético à tragédia que, no vácuo de um pensamento, se concretizou.
Lástima!
Meu eu-lírico, se matou.
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Ilhas
Nos tornamos ilhas de nós mesmos.
Essa tecnologia nos deu uma falsa perspectiva de estarmos conectados globalmente. Equívoco alimentado pela publicização da imagem pois percebemos que não precisamos mais sair de casa para ver as pessoas.
Elas simplesmente surgem em nossas mãos.
Essa tecnologia nos deu uma falsa perspectiva de estarmos conectados globalmente. Equívoco alimentado pela publicização da imagem pois percebemos que não precisamos mais sair de casa para ver as pessoas.
Elas simplesmente surgem em nossas mãos.
Se o ser Supremo é Único, então, provavelmente, ele é muito solitário. Do mesmo modo aquele que acredita que a experiência do mundo está nas Palmas de suas mãos, provavelmente ele também é muito solitário.
Saímos de uma natureza conectada com as Sensações da natureza, humana inclusive, e fomos para a adoração do corpo e, então, para adoração do Virtual. Preenchendo e esvaziando a existência com significações.
A música esconde sua beleza complexa. Não mais no controle ordenado dos sentidos dos sons mas sim na habilidade de permitir a subjetivação dos silêncios. Será que não precisamos aprender a nos reconhecer nesse mundo novo, para preenchermos outra vez o mundo com significações que nos guiem para um novo esvaziamento?
Sodoma e Gomorra
Um escritor escreve. Assim como um assassino assassina. Às vezes frio. Às vezes morno.
Algumas vezes quente. Ou louco.
Um escritor escreve com arma de fogo.
E mata apenas a si mesmo.
Mata o instante.
O invisível.
O poeta sente a dor da morte. A dor da dor. A dor do tempo.
O odor da vida, e dos sentimentos.
E as mulheres dançam nos seus sonhos.
Mas as lágrimas, que às vezes querem passar pelos olhos, estão presas.
Cárcere privado. Do poeta.
Se pudessem sair, revelariam as barbáries, e torturas que elas sofrem lá dentro.
E o poeta administrativo nunca a deixa sair.
Aquele peso escondido sob sua pele, sob seus ombros, abate a letra. A escrita.
E mesmo assim. Mesmo com essa pobreza de espírito. Esse podre homem é rei.
Rei sob seu domínio. Escárnio subversivo. A coroa de ossos é dada ao cego.
Que vela sua alma na vala. Nos muros criados ao seu redor.
“Sodoma e Gomorra” é seu poema.
Identidade três por quatro
No caderno de poesias
Brigam
Tristezas e Alegrias,
Em rimas amigáveis.
Nos rabiscos maleáveis,
Entre a dor e amargura
Se juntam antagonias
Que somente o tempo cura.
O poeta soña-las-ia:
Pedra mole e água dura
Todas
Inseparáveis.
Brigam
Tristezas e Alegrias,
Em rimas amigáveis.
Nos rabiscos maleáveis,
Entre a dor e amargura
Se juntam antagonias
Que somente o tempo cura.
O poeta soña-las-ia:
Pedra mole e água dura
Todas
Inseparáveis.
Poeira
.
.
.
Pela lente, observo o passo.
[O moço passa...]
[O moço passa...]
...
E o descompasso, do moço.
[Inerme, o tempo]
[Inerme, o tempo]
...
Retratos, do passado.
[A todo o momento]
[A todo o momento]
...
....
...
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Tem
... golfinhos no espaço :/